segunda-feira, 9 de março de 2015

Envelhecimento Facial - parte I

Brigitte Bardot
O envelhecimento facial faz parte do desgaste do corpo como um todo, no entanto, devido à maior exposição da face e do pescoço ao ambiente, essas regiões apresentam sinais mais evidentes desse processo. Existem duas causas basicamente que determinam o envelhecimento facial. A primeira é a própria genética, e a segunda são os fatores externos que irão agir conjuntamente sobre a pele. A etnia, como fator genético, vai ser muito importante na formação de rugas precoces. A raça branca apresenta uma derme mais fina, e consequentemente, mais susceptível aos danos causados pelo sol e alterações de temperatura do ambiente. A raça negra, com a derme bem mais espessa, é mais resistente e apresenta  rugas mais tardiamente. Os fatores externos são liderados pelo Sol. Os raios Ultravioleta e Infravermelho emitidos pelo sol são responsáveis por danos cumulativos, que além da queimadura solar (actínica), causam desidratação e a longo prazo, mutações, responsáveis pela formação do câncer de pele.
No entanto, o processo de envelhecimento facial não se resume apenas à pele. Todas camadas são afetadas, em maior ou menor grau, desde a musculatura até a própria estrutura óssea. O subcutâneo tem uma redução na camada gordurosa, exceto quando existe obesidade. Na região malar ocorre a atrofia da Bola de Bichat (uma reserva de gordura que só é consumida completamente em pessoas com caquexia extrema) dando aquele aspecto cadavérico. Nas pálpebras acontece o oposto, com o enfraquecimento do septo orbital, ocorre a herniação das bolsas gordurosas palpebrais, tanto inferiores como superiores, dando aquele olhar cansado, edemaciado. A musculatura também apresenta suas alterações, com a diminuição do colágeno, as fibras musculares vão diminuindo e contribuindo com a atrofia da face. No terço superior da face ocorre a queda da cauda dos supercílios, dando aquela aparência triste; entre os supercílios, existe a formação das rugas glabelares, dando aquele aspecto de raiva; e na testa, as rugas horizontais ou frontais se acentuam, dando um semblante de espanto. No terço médio da face, as rugas nasogenianas (chamadas de bigode chinês) são as mais visíveis, e são acentuadas pela queda do SMAS (superficial muscle aponeurotic sistem) o famoso “buldogue”. No terço inferior da face e no pescoço, as alterações são as mesmas, o SMAS continua, unindo-se com a musculatura do pescoço. O músculo Platisma fica mais evidente, formando bandas, o também famoso “pescoço de peru”. A estrutura óssea da face também sofre, com a diminuição da densidade óssea, a osteoporose, as estruturas ficam menos proeminentes. No rebordo orbitário dos olhos, na região malar e na mandíbula. A perda dentária também contribui, pois ocorre uma atrofia dos alvéolos dentários, consequentemente, uma diminuição dos lábios e da projeção da boca como um todo. As cartilagens presentes na face apresentam um pequeno crescimento, contribuindo para o aumento do nariz e das orelhas. No nariz ocorre um crescimento por completo e a queda da ponta nasal; e nas orelhas, um aumento global, além do crescimento da pele nos lóbulos.
A soma de todas essas alterações resulta na formação de vários tipos de rugas. Didaticamente, existem três tipos de rugas faciais: de expressão, estáticas e gravitacionais. As rugas de expressão são formadas mais devido a ação muscular. As rugas estáticas são aquelas que mesmo sem nenhuma expressão de mímica (em repouso) elas aparecem. E as rugas gravitacionais são o conjunto da ação continua da gravidade sobre as estruturas, mais acentuadas na lateral da face. Todas apresentam algum componente da outra, e o mais importante é que essas rugas têm prevenção e tratamento sem alterar a identidade. E, principalmente, sem modificar a dignidade da senilidade. Pois, como dizia Simone de Beauvoir: “Viver é envelhecer, nada mais.”

Foto-montagem: Bardot ontem e hoje. De Isaac Furtado