sábado, 19 de julho de 2014

Animais mortais

Você saberia responder qual o animal que mais mata? Muitos diriam que é o tubarão, ou o leão. Animais selvagens e agressivos. O crocodilo e o hipopótamo também são muito agressivos quando invadimos seus territórios.
Mas, pasmem, estes animais estão lá atrás, em uma lista de quinze espécies. Hoje no mundo, o animal responsável por mais de 700 mil mortes é o pequeno mosquito. Eles são vetores de várias doenças, transmitindo a malária, e outras patologias como a dengue que tanto conhecemos. Outros pequenos animais também estão nesta lista, como os caramujos transmissores da Esquistossomose, a Tênia S. (solitária), a Ascaris e outros vermes, mundo afora. Os cães, os melhores amigos do homem, também são assassinos. Não por suas mordidas, mas pela transmissão da Raiva, doença mortal. Que, como muitas outras, já eram para terem sido erradicadas, no entanto a raiva ainda mata em torno de 25.000 pessoas por ano no mundo. Em se tratando de poder letal, tamanho não é documento, e dois insetos estão lado a lado nesta lista macabra. O besouro Barbeiro, transmissor da Doença de Chagas; e na África, a mosca Tsé-tsé transmissora da Doença do Sono. As abelhas também atacam e matam quando invadimos seus territórios. Os répteis com sua peçonha aqui são representados pelas Serpentes que, mesmo com a existência do soro antiofídico, ainda matam 50 mil pessoas todos os anos. Na natureza, nós sabemos que existem as presas e os predadores, a vida e o alimento se confrontam a todo instante, é a famosa lei da selva. Assim é que, há milhões de anos, até quando em torno de sete milhões de anos atrás, certo macaco resolveu descer das árvores. Dizem que ele evoluiu muito, tornou-se o principal predador do planeta, e se intitulou de racional. Thomas Hobbes já dizia que “O homem é o lobo do homem”. Mas, o assustado lobo, nesta lista de assassinos, mata apenas dez pessoas por ano, ao lado do temível tubarão. Se eu fosse usar as palavras do famoso filósofo, diria: “O homem é o homem do homem”. Pois é! Perdemos apenas para o pequeno mosquito, o homem está em segundo lugar, com, em torno de 475 mil assassinatos por ano. (Em algumas listas estamos em primeiro lugar, quando somamos as estatísticas das guerras). Somos a espécie que deveria dar bom exemplo aos nossos convivas e ao nosso planeta. Não matamos como o tubarão, que confunde o surfista com uma foca, seu alimento. Matamos para roubar, por domínio de drogas, matamos no trânsito, alcoolizados. Matamos até por amor. E o pior de tudo, matamos em nome de Deus. Quantas guerras hoje no mundo dividem árabes, judeus e cristãos? Escrevi esta matéria, movido pela vergonha de ser o segundo lugar de uma lista que deveria ser muito diferente. Pois, temos inteligência para isso, só não temos governos. Matéria publicada no Jornal Gazeta do Centro-Oeste. Edição 379. 27 de junho de 2014. Foto: Richard Avedon

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