quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Três graças: longevidade, prevenção e cirurgia plástica

O homem está programado para viver mais de cem anos. Em um século, conseguimos duplicar nossa expectativa de vida, graças aos avanços da ciência e da medicina. No entanto, o ritmo da vida moderna e outros fatores atuais interferem para uma maior longevidade. Entre eles, estão a má alimentação, o sedentarismo, o estresse, o álcool, o fumo e a violência urbana. Muitos deles poderiam ser evitados ou amenizados. A prevenção é obtida principalmente com uma boa alimentação, que após a terceira década deve ser acrescida de uma suplementação vitamínica. O esgotamento do solo, a excessiva industrialização dos alimentos e a grande quantidade de aditivos, agravam o problema. Os estudos atuais demonstram que nossa capacidade em absorver nutrientes e vitaminas dos alimentos, diminui à medida que envelhecemos. No entanto, suplementos vitamínicos, medicamentos e cirurgias muitas vezes não são suficientes. A medicina do século XXI esta voltada para a prevenção e a profilaxia é o caminho mais seguro para a longevidade. Novas drogas experimentais envolvendo os Telómeros (a extremidade dos cromossomos, que se desgastam com a idade) estão fazendo ratos senis se tornarem jovens, inclusive com retorno da capacidade reprodutiva e aspecto externo (fenótipo) melhor. A Cirurgia Plástica tem como objetivo transcendente, a tentativa de harmonização do corpo com o mente. Visando restabelecer o equilíbrio interno, permitindo ao paciente reestruturar-se e reencontrar-se consigo e com o universo que o cerca. No entanto, além das limitações anatômicas e das particularidades de cada um, o resultado pode ser alterado por muitos fatores. E a interpretação final da cirurgia pode ser muito benéfica para o paciente preparado. Por outro lado, quando má indicada, por melhor que seja executada, jamais trará satisfação ao paciente ansioso (Ex: paciente com DDC-Distúrbio Dismórfico Corporal). Felizmente, na maioria dos casos, muitos procedimentos cirúrgicos e ambulatoriais são capazes de minimizar as marcas do tempo. A Blefaroplastia e a Ritidoplastia são as cirurgias mais realizadas com este fim. Associadas ao preenchimento de rugas com gel de Ácido Hialurônico, paralisação parcial da mímica com a toxina Botulínica e a utilização de produtos que melhoram a qualidade da pele ( como o DMAE, o Ácido Alfa Lipóico e a Vitamina C). A Medicina Preventiva é a grande aliada da vida. Após a terceira década são necessárias visitas médicas anuais, onde homens e mulheres necessitam de prevenções específicas. Os profissionais de cada especialidade devem trabalhar em conjunto e em prol do bem estar dos seus pacientes. A relação médico-paciente é primordial para o sucesso do tratamento. É necessária uma abordagem holística, para que haja uma perfeita homeostase das nossas funções vitais com a mente. Pois, um número crescente de doenças e sintomas psicossomáticos é encontrado nos consultórios médicos, como reflexo da vida moderna e do trabalho sobrecarregado. É preciso manter um ritmo de vida saudável, fazer do trabalho uma atividade prazerosa intercalada de repouso e meditação. Sempre buscando o objetivo para os seus atos, uma razão suprema ou simplesmente um motivo para viver mais e melhor. Pois esta é a graça de viver!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Forma e função

Todas as coisas existentes têm sua forma e sua função. Aristóteles já nos falava das quatro causas pelas quais as coisas eram feitas: formal, funcional, eficiente e final. Muitas adquiriram sua função após milhões de anos de evolução, como as penas das aves que inicialmente eram os pelos modificados de dinossauros. Estes animais foram diminuindo seu tamanho e sua plumagem foi crescendo, até poderem planar e finalmente voar (sua nova função). Como o Apêndice Vermiforme do nosso intestino, que inicialmente ajudava na digestão, e hoje não passa de um órgão vestigial, podendo ser retirado sem levar a nenhum dano ao nosso corpo (sem nenhuma função). Charles Darwin já nos falava da evolução natural das espécies há cento e cinquenta anos. Hoje, ele ficaria perplexo com o que sabemos sobre o DNA, as descobertas genéticas ou arqueológicas. A pouco menos de quarenta mil anos existiram, em torno de, quatro espécies diferentes de “seres humanos”: o Homo neanderthalensis (entroncado, ruivo, com nariz e testa largos, adaptado ao frio, que foi extinto há vinte mil anos ao sul da Península Ibérica); o Homo floresiensis (com apenas um metro de altura – como os “Hobbits” mitológicos, extinto na pequena ilha de Flores na Indonésia, há treze mil anos); o recém descoberto Homo denisovanos (ramo que migrou para Sibéria e sudeste asiático, semelhante ao Neandertal, e foi extinto há trinta mil anos); e por último o Homo sapiens. Nós prevalecemos, e aqui estamos escrevendo textos em “Tablets” de “touch screen” e os enviando por emails. Nossa inteligência e atual aparência são frutos de uma evolução que envolveu mutações genéticas após milhares de gerações. Migrações por terras quentes e frias, que alteraram a cor da nossa pele, do nosso cabelo e dos nossos olhos. Povoamos praticamente todos os espaços de terra do planeta. Em cada canto temos nossa cultura, nossas crenças e contrastes. As formas mudaram muito, de acordo com cada raça, modificando o formato dos olhos (orientais, caucasianos), das mamas (grandes, pequenas, flácidas), ou da nossa altura (dos Pigmeus aos Holandeses). No entanto, a única coisa que une todos nós é a vontade de ser belo, cada qual a sua maneira, cada um buscando sua forma ideal. A pouco mais de cinquenta anos, adquirimos efetivamente a capacidade de modificar o nosso corpo com sucesso e alterar a nossa forma. Inicialmente, as cirurgias tinham o objetivo apenas de salvar a vida. As guerras, com suas armas cada vez mais destrutivas, indiretamente contribuíram com técnicas cirúrgicas melhores para amputação de membros. Mais recentemente, conseguimos não apenas salvar os membros, mas recuperar seus movimentos (sua função). A cirurgia plástica estética surgiu da reparadora e tornou-se uma maravilha da medicina atual. Hoje, o Brasil é um expoente da cirurgia plástica no mundo, são feitas duas mil cirurgias por dia, com um total de setecentos mil procedimentos cirúrgicos por ano, onde mais de setenta por cento são estéticas. Mas, onde termina a estética e começa a reparação? O conceito atual é de unificação, pois nenhuma cirurgia reparadora pode ser feita sem visar uma boa estética na cicatriz, e nenhuma cirurgia estética pode ser feita sem preservar a função daquele órgão. Atuando assim na função e na forma, mas devendo ser realizada com prudência, e acima de tudo com ética. Pois, todo exagero é danoso e a virtude está no equilíbrio (In stat medio virtus).

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Os limites da beleza

Desde o antigo Egito o homem se preocupa com a sua beleza, procura produtos e tratamentos para ter uma melhor aparência. Moedas da época mostraram que Cleópatra não era uma mulher muito bela, tinha o nariz grande e o queixo proeminente, mas ela tinha suas armas: a inteligência, o domínio de várias línguas, muita maquiagem, cremes e tomava seus banhos de leite. De lá para cá muitos tratamentos de beleza foram empregados. Mas, até metade do século XX, eles não passavam de tratamentos cosméticos. Com o advento da cirurgia plástica estética, tudo mudou. No nariz, um cirurgião chamado Joseph, fazia suas rinoplastias externas. Na mama, muitas técnicas foram desenvolvidas, em 1961 Pitanguy desenvolveu sua técnica, que nas décadas seguintes passou a ser uma das mais realizadas no mundo. Em praticamente todas as áreas do corpo havia uma técnica para transformar, buscar a perfeição, interferir na criação. Nunca o poema de Camões foi tão atual: “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser...” Hoje, nós temos os dois lados da moeda, e Cleópatra com certeza teria outra aparência, sendo servida pelos melhores dermatologistas e cirurgiões plásticos do planeta. É neste ponto que eu quero questionar: as fronteiras da beleza, onde as intervenções têm um limite. Algumas vezes, o lado comercial extrapola, as cirurgias e os preenchimentos faciais ultrapassam o que seria natural. A ética e a noção de beleza que os profissionais ligados a estética devem ter é que irão determinar a fronteira do fazer ou não aquele procedimento. O tamanho das próteses de mama, de glúteos, a quantidade de lipoaspiração, a tração feita na face para não esticar demais, todos são procedimentos maravilhosos, mas que têm seus limites. Devemos ter muito cuidado para não transformar o normal no grotesco. Eu prezo muito pela cirurgia minimalista, aquela que não fere a identidade, e fica despercebida. Ainda lutamos para eliminar ou ter uma cicatriz melhor, somos moldados pela anatomia e nunca podemos nos esquecer da fisiologia, preservando sempre a função. Eu gosto de dizer: “a cirurgia plástica não trata da pele, trata da alma.” Para tratar da pele necessitamos desde jovem ter vários cuidados, com a alimentação, a proteção do sol, os cremes, os lasers, ácidos etc. A beleza é sempre encontrada no equilíbrio, a auto-estima recuperada por uma cirurgia plástica bem feita, trata da alma pelo encontro com a alegria, como eu digo: “fazendo as pazes com o espelho”. Nós, cirurgiões plásticos temos esta nobre missão de expandir as fronteiras da beleza, restaurando a felicidade às vezes perdida com o tempo, com os traumas e percalços da vida que levam à obesidade, aos problemas psíquicos. Mas, nem sempre todos são tratados com uma cirurgia plástica. A fagulha da vaidade nunca deve ser apagada, a chama da beleza deve ser alimentada não apenas por fora, mas também por dentro, com o autoconhecimento, a espiritualidade, a vontade de ser cada vez melhor para si e para os outros, transformando a beleza em atos. Em um mundo que necessita ser belo não apenas no “ser”, mas em uma fronteira muito mais distante, no mundo da atitude, do “bem fazer”.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A obesidade epidêmica

A obesidade vem adquirindo proporções epidêmicas, com um bilhão de obesos no mundo, ela é considerada uma doença universal e um dos principais problemas de saúde pública da sociedade moderna. Os riscos acarretados pela obesidade são associados às doenças crônicas, como diabetes mellitus, dislipidemia, doenças cardiovasculares, alterações da coagulação, doenças articulares degenerativas, neoplasias, apneia do sono etc. Os pacientes com obesidade grave, chamada de obesidade mórbida, têm um aumento de 250% na mortalidade em relação a pacientes não obesos.
    O diagnóstico deve ser etiológico, qualitativo, e quantitativo. O diagnóstico quantitativo se refere à massa corpórea ou à massa de tecido adiposo. Na prática o cálculo do índice de massa corpórea ( IMC ou BMI, de body mass índex ), que é o peso (em quilos) dividido pelo quadrado da altura (em metros), é ainda o mais utilizado. E o diagnóstico qualitativo se refere à distribuição de gordura corporal ou à presença de adiposidade visceral. Quando esta gordura é centralizada tem um pior prognóstico com relação às doenças cardiovasculares e metabólicas.
    O tratamento da obesidade não é meramente estético, mas tem como função a reintegração do obeso á sociedade ativa. Inicialmente, o tratamento é dietético e comportamental, associado a uma atividade física monitorizada. Muitas vezes torna-se necessário um acompanhamento psicológico, e o uso de fármacos como complementação em alguns casos. Na obesidade mórbida, o tratamento é a cirurgia de redução gástrica, chamada de Cirurgia Bariátrica. A cirurgia feita normalmente por laparoscopia (pequenos furos no abdome), onde o estômago é desviado do seu trânsito e é feita uma derivação das alças do intestino. Existe uma alteração metabólica e física de toda digestão, e doze meses após a cirurgia, os pacientes sofrem uma perda de peso em média de 40%, determinando um grande excesso de pele em diversas áreas do corpo. Após este período, existe a necessidade e a indicação da cirurgia plástica, que irá depender de fatores individuais como a elasticidade da pele, a idade, a distribuição da gordura anteriormente. As cirurgias realizadas nestes pacientes têm como objetivo aumentar sua auto-estima, concluindo o tratamento sem os estigmas da obesidade extrema.



Longevidade, prevenção e cirurgia plástica

       O homem está programado para viver mais de cem anos. Em um século, conseguimos duplicar nossa expectativa de vida, graças aos avanços da ciência e da medicina. No entanto, o ritmo da vida moderna e outros fatores atuais interferem para uma maior longevidade. Entre eles, estão a má alimentação, o sedentarismo, o estresse, o álcool, o fumo e a violência urbana. Muitos deles poderiam ser evitados ou amenizados. A prevenção é obtida principalmente com uma boa alimentação, que após a terceira década deve ser acrescida de uma suplementação vitamínica. O esgotamento do solo, a excessiva industrialização dos alimentos e a grande quantidade de aditivos, agravam o problema. Os estudos atuais demonstram que nossa capacidade em absorver nutrientes e vitaminas dos alimentos, diminui à medida que envelhecemos. No entanto, suplementos vitamínicos, medicamentos e cirurgias muitas vezes não são suficientes. A medicina do século XXI esta voltada para a prevenção e a profilaxia é o caminho mais seguro para a longevidade. Novas drogas experimentais envolvendo os Telómeros (a extremidade dos cromossomos, que se desgastam com a idade) estão fazendo ratos senis se tornarem jovens, inclusive com retorno da capacidade reprodutiva e aspecto externo (fenótipo) melhor.
       A Cirurgia Plástica tem como objetivo transcendente, a tentativa de harmonização do corpo com o mente. Visando restabelecer o equilíbrio interno, permitindo ao paciente reestruturar-se e reencontrar-se consigo e com o universo que o cerca. No entanto, além das limitações anatômicas e das particularidades de cada um, o resultado pode ser alterado por muitos fatores. E a interpretação final da cirurgia pode ser muito benéfica para o paciente preparado. Por outro lado, quando má indicada, por melhor que seja executada, jamais trará satisfação ao paciente ansioso (Ex: paciente com DDC-Distúrbio Dismórfico Corporal). Felizmente, na maioria dos casos, muitos procedimentos cirúrgicos e ambulatoriais são capazes de minimizar as marcas do tempo. A Blefaroplastia e a Ritidoplastia são as cirurgias mais realizadas com este fim. Associadas ao preenchimento de rugas com gel de Ácido Hialurônico, paralisação parcial da mímica com a toxina Botulínica e a utilização de produtos que melhoram a qualidade da pele ( como o DMAE, o Ácido Alfa Lipóico e a Vitamina C).

       A Medicina Preventiva é a grande aliada da vida. Após a terceira década são necessárias visitas médicas anuais, onde homens e mulheres necessitam de prevenções específicas. Os profissionais de cada especialidade devem trabalhar em conjunto e em prol do bem estar dos seus pacientes. A relação médico-paciente é primordial para o sucesso do tratamento. É necessária uma abordagem holística, para que haja uma perfeita homeostase das nossas funções vitais com a mente. Pois, um número crescente de doenças e sintomas psicossomáticos é encontrado nos consultórios médicos, como reflexo da vida moderna e do trabalho sobrecarregado. É preciso manter um ritmo de vida saudável, fazer do trabalho uma atividade prazerosa intercalada de repouso e meditação. Sempre buscando o objetivo para os seus atos, uma razão suprema ou simplesmente um motivo para viver mais e melhor.